A sucessão para a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) tem gerado tensão nos bastidores de Brasília. Segundo reportagem do Diário do Centro do Mundo, um senador da base aliada afirmou, sob reserva, que apenas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teria condições de ser aprovado sem dificuldades pela Casa.
“Se não for Pacheco, não passa, vai levar porrada no plenário”, declarou o parlamentar, resumindo o clima entre os senadores.
A escolha do substituto para o ministro Luís Barroso, que deixará o cargo em 2025, cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos bastidores, o nome do atual chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, tem sido ventilado, mas enfrenta resistência dentro do Senado. O cenário é ainda mais delicado diante das recentes tensões entre o Congresso e o Supremo, motivadas por decisões que parlamentares consideram interferência do Judiciário em temas do Legislativo.
Aliados de Pacheco avaliam que o mineiro, por sua relação institucional com os senadores e perfil conciliador, seria o único nome capaz de garantir uma aprovação tranquila na sabatina e votação secreta em plenário.
A avaliação é de que o Senado não dará carta branca para Lula indicar qualquer nome sem ampla negociação política. A votação para o STF exige o apoio de, pelo menos, 41 dos 81 senadores, e a insatisfação crescente com o Supremo pode dificultar o processo.
Enquanto isso, Pacheco mantém discurso reservado. Em entrevista recente, ele afirmou que respeitará a decisão do presidente e que o processo deve ocorrer com “espírito público e republicanismo”.
A declaração de que “só Pacheco passa” reflete o momento de tensão entre o Executivo e o Legislativo. A oposição também tenta capitalizar o debate, defendendo mudanças na forma de escolha dos ministros do Supremo — inclusive por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
O Palácio do Planalto ainda não confirmou quando Lula fará a indicação, mas aliados acreditam que a definição deve ocorrer após a viagem do presidente à Ásia.
Enquanto a decisão não vem, o Senado se prepara para um dos capítulos mais politicamente sensíveis do ano: a escolha de quem ocupará uma das cadeiras mais poderosas da República.
