
Nesta semana, veio a público uma diretiva do governo de Emmanuel Macron que orienta hospitais franceses a se prepararem para um possível cenário de guerra até março de 2026. O documento, que prevê a mobilização do sistema de saúde para receber de 10 mil a 50 mil soldados feridos em caso de conflito, provocou alarme e levantou questionamentos sobre a real dimensão da medida.
Datada de 18 de julho de 2025, a instrução do Ministério da Saúde foi enviada às agências regionais de saúde (ARS). O texto determina que hospitais estejam aptos a acolher grande número de vítimas em um período de 10 a 180 dias.
O plano inclui a criação de unidades médicas temporárias próximas a portos, aeroportos e estações de trem, além do treinamento de equipes para lidar com escassez de insumos, triagem de feridos e protocolos de atendimento em situações de crise.
A divulgação da diretiva provocou forte repercussão nas redes sociais e na imprensa local. Para parte da população, trata-se de um indício de que a França se prepara para entrar em guerra. Já o governo insiste que a medida é apenas preventiva.
Em entrevista à BFMTV, a ministra da Saúde, Catherine Vautrin, confirmou a autenticidade do documento e afirmou que “é normal que o país antecipe crises e suas consequências”, destacando que não há indícios de conflito iminente.
A medida surge em meio a um ambiente de crescente instabilidade geopolítica. A guerra na Ucrânia continua sem perspectiva de cessar, a Rússia intensifica exercícios militares, e governos europeus ampliam gastos em defesa diante de incertezas sobre o futuro da OTAN e o papel dos Estados Unidos no bloco.
Nesse cenário, a França busca fortalecer sua capacidade de resposta a emergências de grande escala, tanto militares quanto humanitárias.
Especialistas apontam que a diretiva não deve ser interpretada como um prenúncio de guerra, mas como parte de uma estratégia de resiliência nacional. O objetivo, segundo analistas, é evitar que o sistema de saúde seja surpreendido por crises, a exemplo do que ocorreu durante a pandemia de Covid-19.
A polêmica, no entanto, expõe o desafio do governo Macron: preparar o país sem alimentar o pânico social.