
O desembargador Cairo Ítalo França David, da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ), não gostou nada quando o veículo oficial que o transportava foi parado numa blitz da Operação Lei Seca, na Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, em novembro de 2011. Na ocasião, ele chegou a dar voz de prisão a um policial militar que atuava na fiscalização. Agora, 14 anos depois, o magistrado foi afastado nesta segunda-feira (30) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) após decisões que, segundo as investigações, beneficiaram líderes do tráfico no Rio de Janeiro.
O episódio envolvendo a Lei Seca voltou à tona após a decisão do CNJ e gerou forte repercussão entre agentes de segurança e representantes do Judiciário. A atitude do desembargador à época já havia sido considerada polêmica, mas ganha novo peso diante das suspeitas atuais de irregularidades.
As investigações apontam que o magistrado proferiu sentenças que favoreceram traficantes e integrantes de facções criminosas, o que motivou sua suspensão do cargo. Para entidades de classe e autoridades ligadas à segurança pública, o caso é mais um sinal de que é preciso vigilância constante sobre a atuação de membros da magistratura.
Enquanto isso, cresce a pressão para que o processo avance de forma célere e possa resultar em medidas definitivas, inclusive a perda do cargo, caso as acusações sejam confirmadas.