Em novas medidas que colocam em dúvida a integridade da eleição presidencial na Venezuela, dez prefeitos do país foram inabilitados para exercer cargos públicos pelos próximos 15 anos, segundo reportagem publicada pelo jornal El País nesta sexta-feira (21). Eles haviam manifestado apoio a Edmundo González, o principal adversário do ditador Nicolás Maduro no pleito marcado para 28 de julho.
De acordo com a publicação, as punições foram determinadas pela Controladoria-Geral da República e acatadas pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), a mais alta autoridade eleitoral do país. O regime não havia se manifestado sobre o assunto, e as acusações contra os políticos não estão claras.
Heriberto Tapia, um dos prefeitos inabilitados, escreveu na plataforma X que a decisão é uma barbaridade. “Que maneira de saber de uma decisão que não passou por nenhum dos canais regulares”, publicou ele junto de uma imagem que mostra a mensagem de veto no site do CNE.
Além de Tapia, José Carrillo, Dilcia Rojas, Keiver Peña, Servando Godoy, Wilmer Delgado, Yohanthi Domínguez e Francisco Aguilar, também foram atingidos pela decisão, segundo o El País. Eles são prefeitos no estado de Trujillo. Iraima Vásquez e José María Fermín, eleitos no estado de Nueva Esparta, também foram banidos. Todos são integrantes de partidos de oposição ao chavismo.
As punições aumentam uma lista já extensa de líderes que perderam seus direitos políticos meses antes do processo eleitoral, no qual Maduro buscará o terceiro mandato. Esse tipo de sanção tem sido praticado de forma sistemática e vem atingindo políticos populares, caso de María Corina Machado. Vencedora das primárias da oposição, a ex-deputada ficou inelegível para as eleições após acusações de irregularidades administrativas na época em que ela foi deputada, de 2011 a 2014.
A escolhida para substituir Machado foi Corina Yoris, acadêmica que também não conseguiu inscrever sua candidatura. Já Edmundo González aceitou a nomeação definitiva como candidato após ser inscrito de forma provisória pouco antes do fim do prazo para garantir a presença da oposição nas cédulas.
Neste ano, a oposição procurou concentrar forças em um único candidato para enfrentar o ditador. Duas pesquisas de intenção de voto realizadas por telefone consideradas confiáveis mostram González com mais de 30% de apoio. Maduro pontua ao redor de 25%.
Na quinta, o ditador assinou um documento no qual se compromete a respeitar o resultado do pleito. O texto não foi endossado por González, que o descreveu como uma “imposição unilateral” e voltou a lançar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral.
O documento foi divulgado pelo CNE. Considerado próximo do chavismo, o chefe do órgão, Elvis Amoroso, leu o texto que menciona a “vontade absoluta de reconhecer os resultados emitidos pelo poder eleitoral” e a competição em “clima de respeito, paz e participação democrática”.
Os signatários ainda concordaram em reconhecer o CNE como a única autoridade competente para supervisionar o processo eleitoral e exigir o respeito da comunidade internacional à soberania do país. Também rejeitaram “qualquer financiamento ou recursos provenientes de atos ilícitos, nacionais ou internacionais” e pediram o fim das sanções contra a Venezuela.
A lisura do processo eleitoral na Venezuela tem sido questionada por opositores e líderes internacionais. A desconfiança aumentou no fim de maio, quando o regime Maduro cancelou o convite que havia sido feito a observadores da União Europeia para acompanhar o pleito.
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