O caso do médico Mariano de Castro e Silva, que se suicidou em 2018, até hoje continua sem explicação e ninguém consegue entender o porquê ter sido abafado após a divulgação de uma carta, citando o nome do deputado estadual Othelino Neto num esquema na Secretaria de Estado da Saúde.
Mariano de Castro, apontado como operador de um esquema que desviou R$ 18,3 milhões da saúde do Maranhão, foi encontrado morto em sua casa em Teresina-PI. No local foi encontrado uma carta escrita por ele.
No texto, Mariano admitiu ligação com irregularidades e deixou um recado: “A culpa não pode ficar só comigo.” Ele ainda cita Othelino (na época presidente da Assembleia Legislativa) em esquema com empresas e unidades de hospital do Estado nos municípios de Monção-MA e Pinheiro-MA.
O médico diz também que Othelino Neto e o então deputado estadual Leonardo Sá “receberia mensal uma participação”, dando a entender que essa “participação” seria propina.
À época na gestão do então governador Flávio Dino, a PF descobriu que até uma sorveteria foi usada no esquema. Criada “da noite para o dia”, a sorveteria passou por uma transformação jurídica e virou empresa gestora de serviços hospitalares para emissão de notas fiscais frias e levantamento de R$ 1,1 milhão em recursos públicos.
Segundo a Polícia Federal, o esquema de desvio de recursos públicos aconteceu entre 2015 e 2017, no Governo Dino. As investigações também indicaram a existência de 424 pessoas que foram incluídas indevidamente nas folhas de pagamentos dos hospitais estaduais sem a prestação de serviços às unidades hospitalares.
Os beneficiários do esquema eram pessoas indicadas por agentes políticos: familiares, correligionários de partidos políticos, namoradas e companheiras de gestores públicos e de diretores das organizações sociais.
QUEM FOI MARIANO
O médico Mariano de Castro Silva ocupou o cargo de chefe do Serviço de Atendimento de Urgência (SAMU), na Prefeitura de Coroatá, o secretário municipal de Saúde era Luiz Marques Barbosa Junior.
Depois de Coroatá, Mariano assumiu a chefia do SAMU de Caxias-MA, na gestão de Léo Coutinho, sobrinho do então presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho (já falecido).
Humberto foi o responsável pela primeira indicação na Secretaria de Estado da Saúde, na gestão de Flávio. Na época, o secretário foi o médico Marcos Pacheco, que abriu as portas para Mariano entrar no governo como assessor da Secretaria de Saúde, mesmo período em que o seu ex-chefe Luiz Junior assumiu a Superintendência da Rede Estadual de Saúde.
Luiz Junior foi exonerado do cargo e meses depois preso pela PF na Operação Pegadores (reveja aqui). Só quem continuou foi Mariano, que com a saída de Marcus Pacheco ganhou mais força e poder com a entrada do advogado Carlos Lula (hoje deputado estadual) no comando da Saúde do Estado.
Mariano exercia tanta força que tinha uma sala ao lado de Lula, no gabinete da SES. O médico passou a ser um grande operador e responsável por pagamentos de questões de interesses do alto escalão do governo (reveja aqui). Na época, a própria PF revelou que Carlos Lula sabia de todo esquema criminoso.
VEJA ABAIXO A CARTA DE MARIANO CITANDO OTHELINO: