As gafes da primeira-dama, Janja da Silva, em eventos do G20 Social irritaram e incomodaram membros do governo Lula no último sábado (16).
Em evento paralelo ao G20, Janja chamou a atenção por falas polêmicas. Ao mediar e apresentar eventos oficiais, ela xingou o bilionário Elon Musk, dono do X, em inglês e chamou o autor do atentado a bomba em Brasília de “bestão que acabou se matando”.
A repercussão não agradou membros do governo. Sem se pronunciar publicamente, ministros e aliados não esconderam que acharam a postura imprópria.
O próprio presidente Lula (PT) disse, em evento ao fim da noite, que não era para seus aliados “xingarem ninguém”. Pessoas que fazem parte do governo dizem que ele repete isso com frequência, mas não descartam uma indireta.
Evitar polêmicas desnecessárias tem sido uma das tentativas do governo. Embora muitas vezes nem Lula siga este plano, há um entendimento no alto escalão de que a gestão tem muitas dores de cabeça e que, se puder fugir de uma nova, melhor — gafes como estas da primeira-dama incorrem exatamente nisso.
Lula, por exemplo, não falou ainda sobre o atentado de Brasília. Mesmo cobrado, ele deixou para os ministros se pronunciarem e não chegou nem a fazer uma postagem na internet. O entendimento é que falar do assunto só o amplificaria e poderia até trazer mais repercussão internacional por causa do G20.
Janja foi no caminho contrário. “O que inacreditavelmente aconteceu em Brasília essa semana, e o ‘bestão’ lá acabou se matando com fogos de artifício”, disse Janja, durante o G20 Talks, promovido por ela, rindo e arrancando risadas da plateia. “A gente ri, mas é sério, gente.”
Mais cedo, a primeira-dama já tinha viralizado nas redes por provocar Musk. “Acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você, inclusive! Fuck you, Elon Musk”, disse Janja, após ter um problema no microfone enquanto apresentava outro quadro. O bilionário, que deve assumir um cargo no novo governo de Donald Trump, respondeu no X que Lula perderia a próxima eleição.
Internamente, ministros questionam quem poderia “dar um toque” na primeira-dama, já que isso poderia criar situações delicadas, eles dizem. Ninguém quer se tornar uma persona non grata para a esposa do presidente, ainda mais quando se sabe no Palácio do Planalto que ela é o único assunto inviolável com Lula, conhecido por incentivar que seus ministros critiquem a ele e à sua gestão.
A fala de Lula parece indicar um caminho. “Essa é uma campanha [em] que não temos que ofender ninguém ou xingar ninguém”, disse o presidente, ao lado de Janja, em evento após a fala sobre Musk.
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