O escritor, jornalista, poeta e pastor Battista Soarez escreve sua poesia com um tom naturalista impecável. É o que o leitor vai conferir agora, lendo esta poesia intitulada “A lira do pássaro”. Confira!
A LIRA DO PÁSSARO
Canta, meu pássaro!
Você que, antes, me ouviu
Agora, ao fazê-lo,
Abriu asa e sumiu
Depois se viu novamente
Batendo asas ao vento
Dando apenas assovio.
Canta, meu pássaro!
Vê se volta pra dizer
Se lá por onde andou,
Na dimensão do seu vôo,
Há um “Éden” pra fazer.
Passarinho, canta logo!
Conta alguma novidade:
Se no mundo das aldeias
Ou em alguma cidade
Há árvores para pousar,
Sombras pra descansar
E, enfim, felicidade.
Ah!, meu pássaro, essa não!
Por que tanto demoras?
Queres tu que eu vá embora,
Sem ouvir o teu cantar?
Olha ao meu redor:
Não há mais nenhuma árvore!
Sumiu tudo com o tempo
Por ação do avarento
Que não pára de explorar.
Passarinho, tu sumiste
Desde a última sinfonia!
Em manhãs, tardes e dias
No teu lindo gorjear
Era assim teu festejar:
Pulos e saltos de alegria!
Passarinho, e então?!
Sumiste por falta de árvores?
Foram todas derrubadas,
Raízes arrancadas,
Ficando deserto o chão.
O que vais fazer agora?
Pousar no mundo do nada?
Gorjear tua tristeza
Na poeira esparramada?
Ou vais pro mundo do além,
Passando pela dor da morte
(meu Deus, que falta de sorte!),
Sem poder dizer amém?
Meu pássaro, quando vivias
Aqui ao lado da gente,
Cantavas no meu quintal
O teu canto alegremente,
No galho da laranjeira.
Mas um dia, com asneira,
Acabaram tua semente.
Porque veio a mão humana
E a flora consumiu.
Até menino com estilingue
Sempre te perseguiu!
Passarinho, acabou!
Não há mais vegetação,
Nem ar pra respiração
Nesta vida do “EU SOU”.
Ah!, esse silêncio
Deve ser por ter morrido,
Sem água para beber,
Sem achar o que comer…
No mundo desflorescido.
Agora, na natureza,
Se vê com muita clareza,
Tudo está d-e-s-t-r-u-í-d-o !
© by BATTISTA SOAREZ
(Pastor, escritor, jornalista e poeta)