O alerta amarelo de risco erupção do vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma (Espanha), à oeste da costa da África, trouxe preocupação a muitos brasileiros, que externaram nas redes sociais, por exemplo, medo da possibilidade de um tsunami atingir o país.
O fenômeno só seria verificado em caso de uma erupção explosiva, o que tem baixo risco de ocorrer. Além disso, o alerta 2, numa escala de 4, pode permanecer assim por muitos anos, sem que haja erupção.
A hipótese de que o vulcão poderia causar um tsunami que atingiria o Brasil foi levantada em 2001 por dois dos maiores pesquisadores do mundo: Steven Ward, do Instituto de Geofísica da University of Califórnia (EUA); e Simon Day, do Departamento de Ciências Geológicas da University College, de Londres (Inglaterra).
Eles publicaram um artigo científico em que fazem o alerta aos países do Atlântico. Para chegar à conclusão, os pesquisadores mapearam vários pontos, como a atividade sísmica, o histórico de erupções e as correntes marítimas.
Segundo eles, as últimas erupções do Cumbre Vieja ocorreram em 1949 e 1971, mas sem causar problemas relacionados a tsunamis. “Nenhum outro terremoto tectônico importante ocorreu sob La Palma nas últimas três décadas”, disseram, há 20 anos.
Nas últimas semanas, porém, a atividade sísmica na região voltou a se intensificar, o que elevou o nível de risco de erupção. O nível amarelo de um vulcão é o segundo em uma escala de quatro e aponta para uma possibilidade ainda pequena de erupção.
Viagem pelo mar
Na simulação que fizeram de erupção explosiva, a área de impacto, com 250 km de diâmetro, seria capaz de produzir tsunamis em diversas direções e “várias ondas de centenas de metros de altura atingiram as costas das três ilhas mais a oeste da cadeia das Canárias.”
Segundo a análise, levaria apenas de 15 a 60 minutos para que as Ilhas Canárias fossem atingidas por ondas de 50 a 100 metros de altura e para que o continente africano recebesse o primeiro impacto.
Em até nove horas, essas ondas chegariam ao Brasil. “As vanguardas do tsunami (10 m) atingiria inicialmente a América do Norte.
Simultaneamente, ondas maiores (15-20 m) chegariam à costa norte da América do Sul. Nossos modelos de computador preveem que as ondas do tsunami, de 10 a 25 m de altura, serão sentidas em distâncias transoceânicas abrangendo a maior parte da bacia do Atlântico”, apontaram.
A preocupação deles têm explicação na história de erupções do local. “Evidências geológicas sugerem que, durante uma erupção futura, o vulcão Cumbre Vieja na Ilha de La Palma pode sofrer um colapso catastrófico”, explicaram.
Nos últimos milhões de anos, dizem, “dezenas de deslizamentos de terra de colapso lateral de um tamanho comparável ao considerado aqui [no estudo] foram derramados de ilhas vulcânicas no Atlântico.”
Para o Carlos Teixeira, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar, da UFC (Universidade Federal do Ceará), não se deve ter um tom de alarme por conta desse cenário nem há riscos imediatos.
“O vulcão não vai ter uma erupção amanhã. A gente só tem que fazer o plano porque existe um risco; ele é mínimo, mas tem de saber o que fazer”, diz.
Mesmo em caso de erupção, ocorrência de tsunami não é garantida. Teixeira afirma que apenas no caso de uma erupção explosiva haveria essa possibilidade.
“Ele pode ficar em nível de alerta por diversos anos. Não é tipo ‘entrou no dois, amanhã entra no três depois entra no quatro’. Não! Ele pode ficar para o resto da vida nesse dois e não ter uma erupção”, completa.
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