POR BATTISTA SOAREZ *
Philip Yancey é um escritor de excelência com quem me identifico em matéria de discurso literário, num viés do gênero jornalismo investigativo. Assim como eu, ele também é jornalista e prima por uma redação atrativa que leva o leitor à sensação de co-autor dos textos que escreve.
No livro “Para que serve Deus” (Editora Mundo Cristão, SP, 2010), Yancey diz que o mundo percebeu o crescimento dramático da economia chinesa que, numa geração colocou o país numa nova rota. China era apenas uma sociedade campesina que, de repente, tornou-se uma poderosa usina econômica.
Yancey conta que, para escrever um dos capítulos do seu livro, passou um breve tempo no país chinês e ali pode ver sinais de um dramático crescimento da igreja cristã. Ele faz menção de que, na década de 1950, muitos se perguntavam se o cristianismo pelo menos sobreviveria na China, considerando a expulsão de todos os trabalhadores estrangeiros e a perseguição à igreja por parte do governo.
Hoje, segundo o escritor, mais de vinte mil chineses se convertem à fé cristã diariamente. Na esteira do movimento “Retorno a Jerusalém”, a igreja chinesa se mobiliza em torno do envio de cem mil missionários para a “Rota da Seda”, na perspectiva de evangelizar 51 países localizados entre China e Jerusalém.
Trazendo a “coisa” para o momento atual, em que estamos vivendo o drama inexplicável de uma pandemia, as notícias vindas de todas as partes do mundo nos impressionam como o fenômeno de Deus está se deslocando pelas regiões do planeta.
Numa escala geográfica, a mão divina se movimenta de uma parte do mundo para outra e, aí, já não se fala mais em mítica evangélica, mas em poder de Deus que chama a atenção da realidade global para se curvar diante da justiça do Criador.
Desde que começou a pandemia, em 2020, a perseguição contra a igreja na China aumentou. Cristãos são presos e templos são destruídos.
Ou seja, nem mesmo a Covid-19 impediu um dos países com maior índice de perseguição aos cristãos de continuar realizando atos contra os seguidores da fé em Cristo. A retirada de cruzes das igrejas, fato que já acontece há alguns anos, segue intensificada desde o ano passado.
É o que relata uma reportagem da revista “Bitter Winter”, especializada em abordagens sobre direitos humanos e violações à liberdade religiosa na China. Segundo a revista, apenas no último ano, cerca de 70 cruzes foram retiradas apenas na província de Shandong.
Segundo a revista, o governo da cidade de Zhuangwu contratou trabalhadores para remover a cruz de uma igreja evangélica. A autoridade alegou que seria “desagradável aos seus superiores” ver a cruz no local e que ele poderia ser demitido do cargo se a mantivesse lá.
O templo, construído em 2007, implementou os quatro requisitos da chamada campanha de “sinicização” – processo de adesão às obrigações estabelecidas pelo governo – porém não escapou da violenta repressão imposta pelo Partido Comunista Chinês, que governa o país.
“O governo não fornece ajuda suficiente durante a epidemia, mas destrói as cruzes”, reclamou um cristão que congrega no local.
E os argumentos para a retirada das cruzes variam de cidade para cidade. Nos casos da Igreja do Evangelho de Cristo e a Igreja Cristã de Luobei, no condado de Luobei, em Hegang, elas foram removidas sob a alegação de funcionários do governo de que “eram muito atraentes” e “atrairiam pessoas para as igrejas”.
Mesmo com a forte perseguição, os líderes religiosos encorajam os cristãos locais a manterem a fé. O pastor da Grace Church em Luobei, única igreja para protestantes de origem coreana no condado, declarou aos crentes que mesmo após a cruz ter sido retirada do templo, o importante é que ela não fosse “tirada dos corações”.
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* PR. BATTISTA SOAREZ
(Escritor e jornalista)
Em 22/03/2021
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